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      Fe Bedran: Artes Sacras e Plásticas em Velho Chico

      Fernanda BedranFernanda Bedran
      fevereiro 3, 2018
      Arte, Variedades
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      1
      Fe Bedran: Artes Sacras e Plásticas em Velho Chico

      Em latim, a palavra altar vem de altare, de altus, que significa “plataforma elevada”. Por isso, desde a remota antiguidade, um altar é um lugar elevado ou pedra consagrada que servia para a celebração de ritos religiosos dirigidos às divindades. Chamamos de oratório uma combinação de objetos que simbolizam a fé e a devoção das pessoas, ou o local que abriga estes objetos.

      A origem dos oratórios remonta à Idade Média. Somente os reis possuíam um espaço destinado exclusivamente às orações, um cômodo que, feito uma capela, abrigava as imagens dos santos. Posteriormente, as famílias mais ricas e nobres também passaram a contar com altares particulares.

      No Brasil, de acordo com historiadores, uma das caravelas que aqui aportou em 1500, trazia um oratório com a imagem de Nossa Senhora da Esperança. A partir daí, o hábito de proteger os santos em um local específico se disseminou pelas fazendas, senzalas e residências brasileiras através dos séculos.

      No Vale do São Francisco, a fé que habita o rio invade as moradias ribeirinhas e toma forma nos mais variados oratórios e locais de devoção e oração. Estes oratórios tiveram uma forte presença na novela “Velho Chico”, folhetim que respirava religiosidade, mesclando santos do catolicismo popular a elementos de raízes caboclas e cafuzas, de crenças, lendas, assombrados e encantados.

      Para a concepção destes oratórios, o diretor Luiz Fernando Carvalho convidou o seu parceiro artístico há mais de dez anos, o artista plástico Raimundo Rodriguez que, junto com sua equipe, também foi responsável por altares, estandartes, santos, e todos os objetos pertinentes à religiosidade nordestina. Ao todo, foram mais de 500 elementos.

      A excelência de seu trabalho consiste em não criar cenários, e sim verdadeiros ambientes artísticos, onde atores, diretores e equipe respirem a cena, vivenciem o texto e se transportem para a nova realidade, através das imagens que estão vendo e com as quais estão contracenando.

      Para os altares e oratórios, Raimundo utiliza objetos simples do dia-a-dia, muitas vezes reciclados. São objetos que o artista assume serem significativos e valiosos sentimentalmente para os personagens, que os teriam disposto em seus oratórios com esmero e cuidado, tornando-os assim, sagrados. Um lenço de bolso, um punhado de flores, ou um simples vidro de perfume que trazem consigo um significado afetivo para os personagens, associados às imagens de seus santos e crenças, assumem um novo papel, praticamente vinculado ao divino.

      Talvez sua maior criação para o folhetim tenha sido um altar de oito metros de altura por seis metros de largura, feito para o Convento de Santo Antônio, em São Francisco do Paraguaçu, na Bahia. O altar foi todo construído com material reciclado. Durante aproximadamente um mês, sua equipe transformou materiais como tubos de PVC, plástico e papelão, mais uma estrutura metálica e outras sobras de elementos descartados das cidades cenográficas dos Estúdios Globo, no belíssimo altar que cruzou o sertão para servir de palco para o casamento de Afrânio (Rodrigo Santoro) e Leonor (Marina Nery) nos primeiros capítulos da trama. A peça foi um belo exemplo do “transformar o desprezo em objeto de desejo”, lema de Raimundo Rodriguez. UNIÃO – O Jornal do Norte do Paraná, disponível em < http://www.jornaluniao.com.br/noticias/44957/velho-chico-saiba-tudo-sobre-a-nova-novela-da-globo-que-estreia-na-segunda/> . Acesso em 2 de fevereiro de 2018.

      O altar sendo produzido nos Estúdios Globo para depois ser transportado até o Convento de Santo Antônio, que fica a 44 quilômetros do município de Cachoeira, BA. No detalhe, centenas de formas de pizza de alumínio foram transformadas nas lindas flores que cobriram o fundo da edificação.

      Durante o mês de janeiro, Raimundo esteve em Alagoas e na Bahia para a confecção dos oratórios. O oratório dos personagens de Belmiro (Chico Diaz) e Piedade (Cyria Coentro), por exemplo, ganharam peças encontradas por Raimundo na caatinga. “Ele foi feito de papelão, que eu achei lá na locação, e coloquei os santinhos. Depois encontrei latinhas de sardinha que me serviram como castiçal.” UNIÃO – O Jornal do Norte do Paraná, disponível em <http://www.jornaluniao.com.br/noticias/44957/velho-chico-saiba-tudo-sobre-a-nova-novela-da-globo-que-estreia-na-segunda/> . Acesso em 2 de fevereiro de 2018.

      O oratório de Ceci (Luci Pereira) recebeu elementos característicos da rezadeira e raizeira da cidade. Ao lado das imagens de santos, há uma “garrafada” de ervas, a mesma que Ceci vendia na feira, conhecimento herdado de seus ancestrais indígenas de uma tribo às margens do Rio Opará. Também aparece a carranca, arte que foi meio de sustento da personagem no passado. A profusão de estatuetas de santos e imagens reflete o seu ecletismo. Já o oratório da casa de Leonor espelhava o romantismo da personagem que sonhava em ser resgatada por um “príncipe” que a pedisse em casamento, libertando-a da sua casa e rotina e de uma família que reprimia suas vontades. Uma personagem também com a sensualidade à flor da pele, que transpirava desejo.

      No primeiro slide, a arte de Raimundo e da Produtora de Arte Myriam Mendes se uniram na produção do altar “oculto” de Iolanda (Carol Castro e Christiane Torloni) que, na mansão dos Sá Ribeiro, escondia sua natureza cigana. Santa Sara foi colocada dentro de um livro oco, sempre guardado na gaveta da escrivaninha da personagem. Assim como o livro-oratório, todos os outros elementos do altar (lenços, flores, cálice, moedas, baú, velas, etc.) permaneciam acondicionados no móvel em segredo. A Produtora de Arte confeccionou a capa do livro através de uma técnica chamada “latonagem”, manualmente boleando uma folha de estanho. O interior ficou por conta de Raimundo e sua equipe que, assim como a vida de Iolanda, abusaram do brilho e da cor escarlate. No segundo slide, vemos dois oratórios feitos para os interiores de casas da cidade cenográfica (foto do canto superior esquerdo e meio); o oratório da Fazenda Piatã (canto superior direito) que, no desaparecimento de Santo (Domingos Montagner), Piedade (Zezita Matos) manteve aceso até o retorno do filho; o de Olívia (Giullia Buscacio) na terceira fase do folhetim (canto inferior direito); e de Cícero (Marcos Palmeira) e Clemente (Júlio Machado), no canto inferior esquerdo. No terceiro e último slide, vemos um pouco dos bastidores da produção dos mais de 500 elementos religiosos, arquitetados por Raimundo e sua equipe.

      As palavras “rica” e miscigenação” foram as diretrizes dadas pelo diretor Luiz Fernando Carvalho para que Raimundo confeccionasse os Oratórios da Mansão dos Sá Ribeiro e de Doninha (Bárbara Reis), respectivamente. O GLOBO, Conheça o artista plástico por trás das obras religiosas em ‘Velho Chico’. Disponível em http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/post/conheca-o-artista-plastico-por-tras-das-obras-religiosas-em-velho-chico.html. > Acesso em 2 de fevereiro de 2018. A origem cafuza de Doninha (mistura de negro e índio) e o catolicismo popular inspiraram Raimundo a escolher objetos representativos das cores de pele que habitavam o personagem. Um belo cocar emoldurava o oratório de madeira que abrigava a estatueta de Nossa Senhora da Conceição. Fios de contas do candomblé se misturavam a terços católicos, enquanto balangandãs de prata pendiam logo acima de um retrato de Santo Antônio. Ao fundo, uma toalha e renda branca delineavam todo o conjunto sagrado (lembrando que o branco no candomblé significa o luto ‘pela morte’ que proporciona a criação, o renascimento e a continuidade). IESP, PORTAL DE JORNALISMO, disponível em http://jornalismo.iesb.br/2015/08/16/babalorixa-explica-o-significado-das-cores-e-roupas-candomble/. Acesso em 2 de fevereiro de 2018. Já rica e opulenta era a estética religiosa da Mansão dos Sá Ribeiro, representada pelo belo oratório erguido em homenagem a Nossa Senhora das Grotas. No teto, um pungente lustre de uma serpente entrelaçada em um infinito triplo tudo vigiava, através dos olhos vermelhos das víboras. O folhetim associou a história do lustre à antiga lenda sobre a serpente de fogo que habitava as águas do São Francisco. Seus olhos vermelhos ardiam feito brasa, enquanto chamas disparavam de suas ventas. A serpente espantava todos os Jesuítas que acampavam às margens do Rio. O único homem a conseguir dominar a víbora foi D. Luiz de Sá Ribeiro, tataravô de Jacinto de Sá Ribeiro (Tarcísio Meira, no folhetim). Depois de pedir ajuda a N. Sra. Das Grotas, a Virgem concedeu a D. Luiz três fios de cabelo, com os quais ele conseguiu imobilizar a cobra e devolvê-la às profundezas do rio. Como retribuição à Santa, D. Luiz ergueu a capela de N. Sra. Das Grotas e, no teto, colocou o lustre da Serpente. Reza a lenda que enquanto o lustre permanecer pendurado, os três fios de cabelo manterão a cobra aprisionada. Uma curiosidade dos bastidores: Raimundo Rodriguez, o artista plástico responsável pela construção da luminária, inspirou-se no colar da produtora de arte Myriam Mendes. Esta, após ter lido o capítulo, sugeriu ao diretor Luiz Fernando Carvalho que reproduzisse o formato de seu pendente. Pendurado em seu pescoço, Myriam portava a “trískele”, um símbolo celta das tríades da vida em eterno movimento e equilíbrio: nascimento, vida e morte; corpo, mente e espírito; céu, mar e terra.

      Na semana que vem, chegaremos em ritmo de Carnaval! Até lá!

      ———————————————————————————————————————————————–

      CRÉDITOS PRODUÇÃO DE ARTE VELHO CHICO

      Produção de Arte: Myriam Mendes

      Produção de Arte Assistentes: Adriane Lemos Mroninski, Alda Gonçalves, Bia Perdigão, Bianca Romano, Claudia Margutti, Deborah Badauê, Emily Dias, Fred Klaus, Gabriel Camilo, Leonardo Pimenta, Luisa Gomes Cardoso, Marcello Villar, Marcia Silva, Maria Fernanda Martins Costa, Renata Marques, Sabrina Travençolo , Sandra Leite.

      Equipe de Apoio a Arte: Thiago Leal, Raif Nascimento Roosevelt, Fabio Sobral, Rafael Guedes, Alex Lemos e Raquel Santos

      Aderecistas: Regina DalleGrave, Alê Ferreira, Celso Menguelle, Guilherme Zagallo, Roniere Odelli, Newton Galhano e Sandra de Sá-Fortes Gullino, Alícia Ferraz, Markoz Vieira e Thereza Moraes.

      Produtora de Arte / Participação Especial nos Primeiros Capítulos: Ana Maria Magalhães

      Artista Plástico: Raimundo Rodriguez

      Artista Plástico responsável pelas embarcações: Anderson Dias

      Escultor: Maritônio Portela

      Ficha técnica retirada do site Memória Globo e fontes entrevistadas. MEMÓRIA GLOBO, Disponível em < http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/caminho-das-indias/ficha-tecnica.htm> . Acesso em 25 de janeiro de 2018.

      Tags : altar, alumínio, antiguidade, arte, arte sacra, artes plásticas, artista, bastidores, brilho, capela, caravelas, catolicismo, celebração, cena, cenário, cidades cenográficas, Estúdios Globo, fé, folhetim, latonagem, lenda, lustre, material reciclado, miscigenação, nordeste, novela, oratório, papelão, personagens, produção de arte, religiosidade, romantismo, Santos, sertão, Vale do São Francisco, Velho Chico
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      Fernanda Bedran

      Fernanda Bedran

      Profissional de Cinema e Televisão, formada pela Boston University College of Communications em Broadcasting and Film. Com uma vasta experiência na área, passou os últimos 17 anos trabalhando como Produtora de Arte na TV Globo, desenvolvendo suas atividades tanto em Novelas e Seriados, como em Programas de Variedades (Caminho das Índias, Salve Jorge, Araguaia, Chocolate com Pimenta, Caldeirão do Huck, Malhação, Tamanho Família, Adnight, entre outros). Atualmente, trabalha independentemente em projetos culturais e na área de entretenimento. De natureza investigativa e curiosa, compartilha também a coluna sobre a nossa complexa e labiríntica língua portuguesa.

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