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      Crítica: Silêncio (Silence)

      Eduardo KacicEduardo Kacic
      janeiro 24, 2017
      Cinema
      2 Comentários
      11
      Crítica: Silêncio (Silence)

      Complexamente imersiva, esta nova produção dirigida pelo grande Martin Scorsese e baseada no livro do escritor japonês Shûsaku Endô, é um mergulho pelas tortuosas águas da fé, seus desígnios e consequências. Fé. Crer em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa. No contexto religioso, a fé é uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião. Ter fé em Deus é acreditar na sua existência e na sua onisciência. A fé cristã implica crer na Bíblia Sagrada, na palavra de Deus, e em todos os ensinamentos pregados por Jesus Cristo, o enviado de Deus. Lê-se em Hebreus 11:1 que “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”.

      Silêncio (Silence, EUA/México/Taiwan, 2016) é um dos grandes filmes de 2016. Um Scorsese muito mais contido e contemplativo, mas não menos pungente em sua proposta, por vezes visceralmente belo, por vezes dolorosamente revoltante, contudo, sempre inexoravelmente profundo. Uma produção que discute as extensões da fé e suas implacáveis consequências dentro do indivíduo. Neste caso, dois missionários católicos portugueses, Padre Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Padre Francisco Garupe (Adam Driver, o Kylo Ren de Star Wars: O Despertar da Força), que viajam para o Japão no século 17, à procura de seu mentor, o Padre Cristóvão Ferreira (Liam Neeson), que desapareceu em terras nipônicas enquanto tentava pregar o cristianismo no país, numa época em que tal vertente era proibida e punível com a morte.

      Silêncio é um trabalho monumental, e também um trabalho extremamente doloroso. O filme coloca o espectador à bordo de uma verdadeira viagem ao inferno, sem uma promessa de libertação. Além de cercar o público de questões e propostas, sensações e experiências. A profundidade absurda do texto de Endô ganha sua perfeita tradução na mão do monstro Scorsese, que vinha trabalhando na produção há décadas, desde que ele leu pela primeira vez o livro no qual o filme é baseado, publicado em 1966. O compassado e rico roteiro de Jay Cocks (de outros trabalhos de Scorsese, como Gangues de Nova York e A Época da Inocência), em parceria com o próprio diretor, toma seu tempo, e escava fundo por dentro das torturadas almas de seus protagonistas, especialmente o Padre vivido por Garfield, mais uma vez impecável, provando que 2016 foi mesmo seu ano, onde também deu um show no drama de guerra Até o Último Homem (Hacksaw Ridge), dirigido por Mel Gibson.

      hero_Silence-2016

      A produção é visualmente mesmerizante. As locações são de tirar o fôlego em sua aparência estéril e estranhamente bela. O design de produção à cargo do colaborador habitual do diretor, Dante Ferretti, é outro show à parte, mas nada no mesmo nível de impecabilidade do que a fotografia à cargo do mexicano Rodrigo Prieto (Babel, Brokeback Mountain, O Lobo de Wall Street), que imprime uma textura clássica e dramática à produção. Aqui, ao contrário de todo o restante de sua carreira como diretor, Scorsese acertadamente abdica do uso de trilha-sonora, apoiando seu filme nos sons, e principalmente, nos silêncios.

      Silêncio que, metafóricamente, funciona como o fiel da balança de seu protagonista, que tem sua fé testada incessantemente ao longo de toda a produção. Vista como blasfêma e pecaminosamente mortal pelos japoneses, a fé e a doutrina cristã são massacradas no filme. Scorsese, católico confesso, não poupa sua fé de blasfêmias e opressão violenta, seja ela física ou principalmente, espiritual. Os conflitos internos do personagem interpretado por Garfield, logo se tornam motor dos conflitos de todos no filme, o que garante um caráter reflexivo e religiosamente perigoso para a produção, e rende algumas sequências primorosas ao filme. A cena da crucificação em meio ao mar revolto do Japão, por exemplo, é uma das cenas mais belas e dramaticamente demolidoras do cinema nos últimos anos.

      A mão sempre decisiva de Scorsese reflete-se também em seu elenco, todo irrepreensível. Apesar do pouco tempo em cena, o fantástico Liam Nesson e o feioso Adam Driver estão muito bem, assim como o japonês Tadanobu Asano (47 Ronins, Ichi: O Assassino), no papel de um cínico intérprete, que serve de tradutor para Rodrigues, quando este é capturado pelos homens do Inquisidor japonês responsável pela perseguição aos cristãos que vivem escondidos no país. Mas é mesmo Garfield, em um papel cujo personagem vive conflitos desoladores, quem comanda a ação, e simplesmente dá a alma que o filme precisa para funcionar. De fato, 2016 mostrou o surgimento de um grande intérprete.

      Mas é na construção descomunal de seu drama, que Scorsese mais uma vez conquista público e crítica. Sempre mantendo o espectador longe de sua zona de conforto, o filme incomoda, machuca, às vezes à distância, às vezes, mantendo seus personagens perto demais, quase que como mostrando o ponto de vista do homem, e o ponto de vista de Deus, para todas as atrocidades cometidas e testemunhadas por ambas as partes, tudo, em nome da fé (ou de sua renúncia), mas nunca de maneira que a negligencie ou a desrespeite.

      Mesmo sendo um cineasta cuja verve reside no cinema “criminal” e marginal norte-americano, onde títulos como Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990), Taxi Driver (1976) e Os Infiltrados (The Departed, 2006) saltam à mente, é bom lembrar dos valiosos esforços de Scorsese no âmbito do cinema diretamente teológico, com dramas como Kundun (1997) e principalmente, A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of Christ, 1988). É exatamente no limbo entre estes dois gêneros tão distintos, entre estes “silêncios” que permeiam seu cinema, por assim dizer, que Scorsese captura e expressa-se tão bem em torno da concepção do caráter humano, inclusive o espiritual. Para um católico não tão praticante, o cineasta com certeza enxerga o mundo em todos seus imponderáveis e seus testes espirituais. Talvez, em uma realidade alternativa, Scorsese tenha se tornado um padre. E eu aposto que ele seria um dos bons.

      Silêncio estreia nos cinemas brasileiros no dia 09 de Fevereiro.

      Tags : Adam Driver, Andrew Garfield, crítica Silêncio, Dante Ferretti, Jay Cocks, Liam Neeson, Martin Scorsese, Rodrigo Prieto, Shûsaku Endô, Silence, Silence review, Silêncio, Tadanobu Asano
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      Eduardo Kacic

      Eduardo Kacic é roteirista de longa-metragens, crítico de cinema, palestrante e tradutor cinematográfico. Criador do extinto blog Gallo Movies, colaborou também com os blogs Formiga Elétrica, Filmes e Games, Humanoides e Mundo Blá! Hoje veste a camisa do Portal Luiz Andreoli com muito orgulho.

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      Comentários ( 2 )

      1. ResponderMarcelo Alvim
        24 de janeiro de 2017 at 21:16

        Uma grande critica, relaciona o filme com seu tema, gostei, quero ver esse filme. Agradeço as palavras, boas de ler e refletir!!!!

        • Eduardo Kacic
          ResponderEduardo Kacic
          24 de janeiro de 2017 at 21:18

          Muito obrigado pelos elogios e também pela visita, Marcelo!
          Convido você a visitar os outros posts aqui no Portal, tem bastante coisa boa!
          Um grande abraço, amigo!

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