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      Crítica: Aniara (2018)

      Eduardo KacicEduardo Kacic
      abril 16, 2019
      Cinema
      2 Comentários
      7
      Crítica: Aniara (2018)

      Há poucas semanas aqui mesmo no Portal do Andreoli, falei sobre a ficção-científica de origem chinesa Terra à Deriva (The Wandering Earth), uma respeitável grande produção que não fica devendo nada para os exemplares americanos do gênero. Agora, quem está com a bola são os suecos, e se em Terra à Deriva o fim do planeta é mostrado em uma movimentada superprodução, o fim da humanidade soa como uma inevitável conclusão mesmo quando os créditos iniciais começam a rolar neste Aniara (SUE/DIN, 2018). Enquanto os créditos passam na tela, imagens de inundações, incêndios e outros desastres aparecem ao fundo, e a mensagem subconsciente que fica é a de que o fim está próximo. É claro, contudo, que trata-se apenas do começo de nossa história.

      Em Aniara a Terra está morrendo, e as pessoas que podem estão indo para Marte em busca uma nova chance. Trata-se de uma viagem de rotina, de três semanas de duração, e cujas naves estão equipadas como grandes navios de cruzeiro, preparadas para amenizar a viagem e torná-la memorável e relaxante, utilizando-se de lojas, restaurantes, uma academia, e uma sala de repouso de alta tecnologia que conta com um sistema de Inteligência Artificial chamado Mima, que acalma os visitantes através de visões e memórias pessoais. Mas algo dá errado com uma destas naves, a Aniara do título, quando a embarcação sai do curso e a comunicação por rádio não funciona, sem falar numa pane que faz com que todo o suprimento de combustível da nave seja jogado no espaço. Incapaz de pilotar a nave ou ajustar sua trajetória, tanto passageiros quanto tripulação encontram-se flutuando em direção ao vazio do espaço.

      O filme da dupla de diretores e roteiristas estreantes Pella Kagerman e Hugo Lilja é um raro exemplo de um filme adaptado de um poema — neste caso, um poema de 1956 escrito por Harry Martinson — e o filme é incrivelmente bem sucedido em adaptar os temas fantásticos e o desespero expressos no texto para uma nova mídia. Trata-se de uma ficção-científica mais interessada nos conflitos internos da humanidade do que em missões espaciais e semelhantes, mas mesmo que o filme não apresente nenhuma sequência de ação, Aniara consegue atingir o espectador com um forte e doloroso soco no estômago. O filme é dividido em capítulos, cada um deles significando uma passagem de tempo, e o que começa com horas e semanas logo se transforma em anos. Independente do período de tempo coberto pela narrativa, Aniara não deixa de ser um filme-catástrofe, mas ao invés de colocar os personagens tentando sobreviver à um acidente imediato, o objetivo é superar seus efeitos duradouros.

      A produção tem várias tomadas exteriores capturadas de maneira belíssima, que funcionam bem ao capturar a vastidão do espaço e o insignificante papel da humanidade nele. Contudo, o núcleo do filme se desenrola dentro da Aniara e seus centros de recreação, shopping center, alojamentos, etc. A nave tem todos os confortos de um lar, um lar que, ainda que nunca seja mostrado de maneira explícita, pode ter sido levado à destruição em parte pela incessante necessidade humana por ter sempre mais. Os tripulantes são tão saciados por “coisas” que poucos deles utilizam ou apreciam a experiência oferecida por Mima e a comissária do sistema, Mimaroben (a ótima Emelie Jonsson). Mas isso muda depois do acidente. Ansiedade, medo e desespero infectam a população, deixando todos desesperados por algo mais significativo. Mima, como uma espécie de devoradora de pecados eletrônica ou algo do tipo, tenta remover as emoções e imagens negativas das pessoas e substituí-las por outras mais relaxantes, porém o sistema é logo invadido pela angústia humana.

      A nave comporta centenas de pessoas, mas Mimaroben funciona como nosso foco e guia ao longo da jornada. Nós seguimos seu espirituoso romance com uma piloto chamada Isagel (Bianca Cruzeiro), seu conflito com um capitão (Arvin Kananian) que luta para manter a ordem, e também suas manobras envolvendo uma passagem de tempo repleta de suicídios, cultos de atividades sombrias e depressão. Jonsson faz um bom trabalho no papel de uma humana repleta de falhas mas que tenta ser melhor para si mesma e para as pessoas ao redor. Porém, trata-se de uma difícil batalha, à medida em que o esmagador peso do vácuo espacial e a futilidade dos esforços humanos convergem numa intransponível ameaça. A nave funciona como uma espécie de microcosmo do tempo da humanidade na Terra, e nosso comportamento não é diferente em menor escala: O poder corrompe, o medo perverte e a solidão sufoca.

      Aniara não é uma explosiva aventura sci-fi, mas nunca se torna monótona. O drama intenso e as cruas observações sobre a espécie humana se entrelaçam em um vívido e cativante conto que contrasta com nossas ambições extremas e limitações internas. Em um dado momento, um dos personagens sugere que haviam proteções na Terra contra todo tipo de ameaça, com exceção da humanidade em si, e esta é uma realidade que os tem seguido desde a superfície até lugares muito mais incertos. A perda das posses e segurança provoca a ascensão das religiões, que por sua vez buscam oferecer um propósito onde não há nenhum. A constatação de que milagre e acaso compartilham da mesma origem é apenas uma das muitas frias verdades do espaço.

      Aniara não é exatamente um filme de horror, mas no final das contas é tão desolador e opressivo quanto muitos deles. O filme é a definição mais próxima do “cosmic horror”, à medida em que o medo e o pavor existencial abastecem uma crescente sensação de desespero. E ainda que o filme evite as mais sinistras degradações frequentemente encontradas em filmes mais apelativos do gênero, a angústia mental e emocional são apropriadamente devastadoras. Em Aniara nós estamos sozinhos, estamos eternamente longe de casa, e o universo guarda sua última risada para o final.

      Aniara não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país diretamente através de sistemas de streaming e VOD.

      Tags : Aniara, Aniara Review, Arvin Kananian, Bianca Cruzeiro, cinema, Cosmic Horror, crítica, Crítica Aniara, Crítica de Cinema, Drama, Emelie Jonsson, espaço, Ficção-Científica, Filmes, Fim do Mundo, Harry Martinson, Hugo Lilja, Marte, Movie Review, Movies, Pella Kagerman, Review, Sci-Fi, Suécia, Terra, Trailer
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      Eduardo Kacic

      Eduardo Kacic é roteirista de longa-metragens, crítico de cinema, palestrante e tradutor cinematográfico. Criador do extinto blog Gallo Movies, colaborou também com os blogs Formiga Elétrica, Filmes e Games, Humanoides e Mundo Blá! Hoje veste a camisa do Portal Luiz Andreoli com muito orgulho.

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      Comentários ( 2 )

      1. ResponderMarco Zanlorensi
        22 de julho de 2020 at 00:51

        Gostei muito do filme, psicológico e desolador, sutil e esclarecedor ao mesmo tempo, inteligente e belo embora mostre os caminhos que o ser humano percorre ao se defrontar com seu destino…

      2. ResponderFernando Moreira
        14 de fevereiro de 2021 at 13:52

        No desenrolar do filme já dá para imaginar o que vai acontecer. Gostei, apesar de ter alguns pontos sem explicação, mas entendo que o foco é a saúde mental de cada um já que passarão décadas a deriva.

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