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      Crítica: A Casa que Jack Construiu (The House That Jack Built) | 2018

      Eduardo KacicEduardo Kacic
      agosto 24, 2018
      Cinema
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      Crítica: A Casa que Jack Construiu (The House That Jack Built) | 2018

      Poucos cineastas possuem um portfólio de obras tão polêmico quanto o diretor dinamarquês Lars Von Trier. Na ativa desde meados da década de oitenta, o cineasta foi um dos idealizadores do projeto Dogma 95, movimento do cinema dinamarquês que pregava a arte da filmagem tradicionalmente crua, privada dos adventos tecnológicos que na época e hoje praticamente dominam o cinema. Trier acumula polêmica atrás de polêmica, ostentando uma filmografia tão mesmerizante quanto perturbadora.

      Desde seus filmes do citado movimento Dogma, passando pela dramaticidade à flor da pele de seus dramas Ondas do Destino (Breaking the Waves, 1996) e Dançando no Escuro (Dancer in the Dark, 2000), pelo experimentalismo de seus Dogville (2003) e Manderlay (2005), até chegar ao explícito com suas pedradas O Anticristo (Antichrist, 2009) e Ninfomaníaca Volumes 1 e 2 (Nymphomaniac, 2013), seu último trabalho até então, Trier construiu um legado cinematográfico impetuoso e ousado, que sempre desafia as convenções do politicamente correto e da própria condição humana. A face mais sombria dela, diga-se de passagem.

      Sua nova empreitada, como não poderia deixar de ser, não é nenhum passeio no parque. E Trier coloca mais uma vez em ação sua mão pesada e seu furor perturbador neste A Casa que Jack Construiu (The House That Jack Built, DIN/FRA/ALE/SUE, 2018), filme que marcou o retorno do diretor ao Festival de Cannes sete anos depois de seus infames comentários de teor “Nazista” durante a coletiva de imprensa de seu drama apocalíptico Melancolia (Melancholia), em 2011, que rendeu a Trier o rótulo de “persona non grata” e sua posterior expulsão do festival, do qual estava banido até a edição deste ano.

      Ambientado nos turbulentos anos setenta, A Casa que Jack Construiu segue a trajetória do sinistro e altamente inteligente personagem-título (Matt Dillon, assustadoramente impecável), que em um espaço de doze anos envolve-se em uma rotina de assassinatos, até se tornar um legítimo serial killer. Contada sob o ponto de vista do protagonista, a produção mostra como Jack acredita que seus crimes hediondos são na verdade obras-primas, e à medida em que uma inevitável intervenção policial se aproxima, ele se arrisca cada vez mais em sua tentativa de criar sua obra-prima definitiva.

      Curiosamente, A Casa que Jack Construiu foi originalmente anunciado como uma minissérie de oito episódios, isso em setembro de 2014. O mesmo período em que a versão completa de Ninfomaníaca estreava no Festival de Veneza. Entretanto, em fevereiro de 2016, Trier anunciou através de um vídeo em sua página oficial do Facebook que a história seria na verdade adaptada como seu próximo longa-metragem, com estreia programada para 2018. Outra curiosidade, é que A Casa que Jack Construiu referencia o filme de estreia de Trier, Elemento de Um Crime (The Element of Crime, 1984). Na cena em que a protagonista, Kim (Me Me Lai), aparece pela primeira vez, ela está recitando a famosa rima “The House That Jack Built”, que dá nome ao filme. Assim como aqui, Elemento de um Crime também gira em torno de um serial killer.

      Ao longo de A Casa que Jack Construiu, o público vivencia as detalhadas e aterrorizantes descrições do protagonista relativas à seus crimes, e também à sua condição pessoal, problemas e pensamentos, que englobam diferentes aspectos da doentia personalidade de Jack, numa grotesca mistura de sofisticação e auto-piedade quase que infantil, além das já esperadas pitadas de psicopatia. Assim como geralmente acontece na filmografia de seu diretor, A Casa que Jack Construiu consiste em uma história sombria e sinistra, mas apresentada através de um viés filosófico e ocasionalmente humorístico.

      Trier (talvez numa maneira de tentar justificar os extremos em sua filmografia), transmite a ideia de que qualquer coisa que um artista seja capaz de pensar, não importa o quão podre ou moralmente ofensivo isso seja, na verdade já teria sido pensado por alguém antes, e pior, já teria sido colocado em prática no mundo real. “Você mata a arte quando impõe suas regras morais à ela!”, profere Jack em um dado momento para seu interlocutor, Verge (o ótimo Bruno Ganz, de A Queda! As últimas Horas de Hitler, 2004), que devolve para Jack que “A arte é muito mais vasta do que o indivíduo jamais conseguirá conceber.” Sem dúvida. Mas A Casa que Jack Construiu não é. Na realidade, trata-se de duas horas e meia de tortura tão explícita que chega a ser pornográfica, com um punhado de ideias genuinamente provocativas, mas que não são desenvolvidas como deveriam.

      O filme é em essência um (auto) retrato do artista visto como serial killer, e é estruturado em torno de cinco “incidentes” retirados da carreira assassina de Jack, cada um progressivamente mais difícil de assistir do que o anterior. Um deles, que envolve a profanação do cadáver de uma criança, é particularmente repugnante, e deve ter sido a cena responsável por afastar boa parte da plateia de sua estreia em Cannes. Com mais de duas horas e meia de duração, o filme soa penosamente longo, e contém um excesso absurdo de diálogos que em dado momento irritam profundamente. Por exemplo, enquanto Verge escuta Jack recontar a história de sua vida, os dois discorrem sobre assuntos tão variados quanto arquitetura, engenharia, poesia e música, entre outros temas que Jack acredita estarem ligados à verdadeira e demoníaca faceta da humanidade. Interessante, mas enfadonho.

      Há entretanto, belíssimos aspectos em torno do filme. Especialmente as honestas passagens confessionais onde Jack discorre sobre sua infância, e onde suas palavras carregam a sombria e proibida intimidade de uma carta deixada por um suicida. Há também um prolongado epílogo chamado de Katabasis – o termo grego para “descida” – que apresenta uma série de imagens expressionistas e infernais que por si só já vale o ingresso. E é claro, não poderia deixar de destacar a impressionante presença de Matt Dillon, frio, magnético e engraçado neste que é, sem dúvida nenhuma, o papel mais desafiador de sua carreira, e agora também sua melhor atuação. A bela Riley Keough (de Docinho da América e Ao Cair da Noite, cujas críticas você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), também se sai bem, no triste papel de Francesca, a “às vezes” namorada de Jack, a quem ele trata com cruel desprezo. Sua personagem é a que chega mais perto de ser uma heroína do filme.

      Mesmo nos caóticos dias em que vivemos hoje, onde parece que já vimos de tudo, os choques de A Casa que Jack Construiu são capazes de invocar pesadelos diabolicamente gráficos na cabeça do incauto espectador, uma vez que o filme termina. Esta talvez seja a grande marca do cinema de Trier; elaborar imagens inseridas em temas que perduram na cabeça do público, para o bem e para o mal. Mas, assim como acontece em boa parte de sua filmografia, principalmente dos anos 2000 em diante, A Casa que Jack Construiu também parece exagerar demais para chegar à lugar nenhum.

      A Casa que Jack Construiu estreia nos cinemas brasileiros no dia 08 de novembro de 2018.

      Tags : A Casa que Jack Construiu, Bruno Ganz, Cannes Film Festival, cinema, crítica, Crítica A Casa que Jack Construiu, Drama, Festival de Cannes, Filmes, Horror, Lars Von Trier, Matt Dillon, Movies, polêmica, Review, Riley Keough, Serial Killer, Suspense, Terror, The House That Jack Built, The House That Jack Built Review, Thriller, Trailer, Uma Thurman, violência
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      Eduardo Kacic

      Eduardo Kacic é roteirista de longa-metragens, crítico de cinema, palestrante e tradutor cinematográfico. Criador do extinto blog Gallo Movies, colaborou também com os blogs Formiga Elétrica, Filmes e Games, Humanoides e Mundo Blá! Hoje veste a camisa do Portal Luiz Andreoli com muito orgulho.

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