Arielli Margiotta: Atestado de vida

Há exatamente uma semana, o país todo noticiava a morte violenta da vereadora carioca, Marielle, um nome que, tirando uma letra e alterando uma vogal, fica quase como o meu.

A minha dor foi igual a tantas notícias de morte e violência, eu choro de pensar que o meu Brasil sofre com tantos desencontros de classes e intolerâncias.

É a violência que mata, ou só silencia, são doenças traiçoeiras, duras e incuráveis, mas quantas são as Marielles por aí? Neste exato momento em que escrevo, muitas Joanas, Marias, Anas, Josés, Joãos, Márcios sofrem violência de qualquer tipo ou estão morrendo, porque a dinâmica da sociedade infelizmente é similar a uma Guerra Mundial. Na real mesmo, aqui é a própria Faixa de Gaza e pouco importa se você é mulher, negra, branca, homem, gay, índio, japonês ou criança, nossa matéria pode até ser feita de sonhos, como diz o poeta, mas é frágil, todos somos humanos.

Vida e morte nos encontram diariamente, médicos legistas assinam todos os dias certidões de óbito, e de vida? Quem pode atestar vida?

Pensemos juntos, que caso a morte seja de fato inevitável, como é, já que não possuímos a imortalidade dada aos vampiros, que tal então experimentarmos viver, sabendo que a data de partida pode ser por exemplo amanhã depois da novela das 21:00?

Façamos uma vida com sentido, daquelas que dá gosto de ver! Aceito sugestões.

Aqui pensei em algumas.

Que tal parar 5 minutos para ligar para um amigo que faz tempo que você não ouve a voz?

Que tal parar naquela sorveteria preferida e foda-se, caso atrase 10 minutos do seu próximo compromisso? É impagável chupar um sabor do gelatto que a gente mais gosta, lembrar a infância e aí bate aquela sensação de férias em pleno expediente, tem coisa melhor?

Que tal parar no meio do dia, pode ser numa “padoca”, só para escrever tudo que já fez e tudo que ainda terá que fazer até chegar em casa e pior ou melhor perceber que 50% das tarefas não foram tão legais, e que você sentiu mais tédio do que tesão? Caso não curta escrever, mande um WhatsApp, recomendo por áudio, é mais engraçado e depois você pode ouvir, porque todo louco curte ouvir os áudios que envia e foda-se também para quem você vai enviar, só tenha sorte de enviar para alguém de confiança que, ao terminar de ouvir, seja gentil com você.

Fazer um belo atestado de vida é algo sério, demorado e até mesmo complicado, porque via de regra todos, sem exceção, têm uma melancólica sensação de autossabotagem.

Explico.

Parece que ser feliz e fazer aquilo que nos agrada são atos ofensivos ou imorais. Não digo que a vida é só prazer e felicidade, mas que tal arrumar um jeito de dar uma chance de ter bons momentos, já que tudo acontece tão rápido?

A moda é parecer sempre muito ocupado, antenado e de preferência fazendo a cena de quem está escrevendo ao celular, porque, caso contrário, você será chamado de desocupado, e com isso a gente vai perdendo o tal sabor do sorvete, o tal amigo, a casa, e sem imaginar você já não sabe nem qual é sua banda favorita, nem o que tomou no café da manhã e, para desgraça geral, você não sabe nem mesmo se está vivo.

Porque você pode acreditar ou não, nós morremos todos os dias um pouco, nada acontece de uma vez, as células dão sinais e os sinais acompanham todo o resto dos átomos.

O corpo para quando a alma já se foi.

Você não morre quando para de respirar, você morre quando para de amar a vida que vive.

Eu não sou a Jojo Toddynho, mas, por favor, me responda se puder, que tiro foi esse?

Beijos sabor chocolate e até a próxima semana.

5 respostas

  1. muito bom… por hoje ja chega de trabalhar…kkkk meu sorvete eu como no final do dia… e “bora” curtir o dia… vou ficar na janela hoje vendo minha arvore crescer… mas só hoje…kkkkk

  2. Ari, vc é show!!! Sou suuuper fã dos seus textos, e vc sabe disso!! Arrasa amiga. Estarei sempre assistindo seu sucesso!!! Ameeeei!!! Arrasa linda!!! Bjs!!

  3. Parabéns Arielli! Concordo em gênero número e grau. Hoje, por exemplo, um belo ? em Santos. Aproveitemos a vida, porque é curta, passageira e Bella! Buenas ….

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