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      Andrea Ignatti:Tarja preta, bandeira branca, sinal verde, cartão vermelho

      Andrea IgnattiAndrea Ignatti
      fevereiro 18, 2019
      Esportes, Só Esporte
      2 Comentários
      2
      Andrea Ignatti:Tarja preta, bandeira branca, sinal verde, cartão vermelho

      Aí (com acento no i), ficam inconformados porque os meninos da Gávea morreram de maneira trágica, porque estavam prestes a mudar de alojamento, porque eram novos, porque tinham sonhos, porque tinham toda a vida pela frente (quem não tem?), porque eram Flamengo, porque é futebol, porque futebol só pensa no dinheiro envolvido, porque são vidas que se foram — e as vidas que ficam: quem banca? De quem é a culpa? Aí, dói. Ai, ai, ai…

      Aí, no meio do tempo, no meio do caminho, fazia calor demais. Aí, choveu demais, e a chuva fez estrago demais. É dor demais.

      Aí, culparam a chuva, lembraram de Minas, reacenderam as mágoas, refizeram perguntas, não acham respostas. Aí, choram. Aí, esbravejam.

      Aí, discutem porque fazem homenagens póstumas demais, por causa de escudo demais na camisa, porque o futebol (de novo) vale mais que a vida (ou não será que não é o contrário?). Aí, pra não perder o (mau) hábito, brigam depois do clássico, porque uns e outros nunca entendem o espírito da coisa: o #FlaFluPorEles foi por quem mesmo?

      Aí, alguém fala em demagogia, alguém cobra burocracia, alguém já reclama da monotonia.

      Aí, desnorteiam a final da Taça Guanabara com uma insólita cacofonia. Aí, vendem ingresso. Aí, interrompem a venda. Aí, chamam torcedores. Aí, pedem pra torcedor não sair de casa. Aí, abrem o Maracanã. Aí, não abrem os portões. Aí, querem invadir o estádio. Aí, soltam rojões porque não têm nada a comemorar. Faz tempo que tem alguma coisa invertida nessa história toda — e não é só a câmera de TV que, na verdade, quer mostrar outros ângulos da jogada…

      Ai, ai, ai, ai, ai… sem acento, sem assento, sem alento. Quantos minutos de silêncio o Maracanã desejaria não ter registrado pra ratificar o vazio bem maior do que a ausência do torcedor na sua arquibancada? Foram trinta.

      Torcida entra com trinta minutos do primeiro tempo — e isso, se repetido em voz alta várias vezes seguidas, vira um trava-língua tão imperfeito quanto se esperava que a final do turno carioca não fosse. Foram quase trinta mil torcedores.

      No tempo normal, dentro de campo, teve vitória. Mas passaram replay: o futebol sofreu derrota.

      Tags : alojamento, arquibancada, camisa, campo, chorar, chuva, clássico, demagogia, derrota, dor, esporte, estádio, Flamengo, Fluminense, Futebol, Gávea, homenagem, ingresso, jogada, mágoas, Maracanã, replay, rojões, Taça Guanabara, torcedor, torcedores, torcida, Vitória
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      Andrea Ignatti

      Andrea Ignatti

      Jornalista diplomada, com especialização em Psicologia do Esporte e Direito Desportivo, locutora há 23 anos & revisora textual. Começou no rádio, e foi na TV que passou a viver a paixão pelo esporte mais de perto.

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      Comentários ( 2 )

      1. ResponderGenito
        18 de fevereiro de 2019 at 11:06

        Texto bom de se ler, foi na ferida , com classe !

      2. ResponderAudre Cristina Alberguini
        19 de abril de 2019 at 20:21

        Ótima reflexão. A indignação da sociedade com tantas tragédias é algo que acaba por nos constituir como brasileiros na atualidade.

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